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A familiaridade e o processo de resiliência.

Compreender o que é resiliência e os fatores que a influenciam pode ser o primeiro passo para uma vida mais tranquila e serena. O nível de resiliência varia com o tempo e é influenciado por experiências passadas, pelo contexto atual e pelas expectativas futuras.

Neste artigo, quero destacar um elemento importante na resiliência: a familiaridade. A familiaridade, uma característica humana, nos proporciona segurança e conforto. Nos ambientes que nos são familiares, sentimos que temos controle sobre o que acontece ao nosso redor, o que nos dá confiança para agir quando necessário.

Quando crianças, muitos de nós brincávamos de "Rabo do burro". Nessa brincadeira, a criança da rodada precisa estar com os olhos vendados e é girada algumas vezes antes de caminhar em direção ao burro. Nosso nível de familiaridade com a situação caía drasticamente: por um lado, não podíamos ver mais nada e, por outro, nosso equilíbrio era afetado pelos giros. Era tudo uma brincadeira. Mesmo assim, por um curto espaço de tempo, tínhamos que lidar com o desconhecido e ríamos por causa disso. Pelo menos assim espero que tenha sido na maioria das vezes :).

A vida está em constante mudança e é inevitável que enfrentemos situações desconhecidas e incertas. E por isso existem dois pontos importantes a serem considerados. O primeiro é que, ao mesmo tempo que a familiaridade nos conforta, ela também nos limita e não favorece o treinamento da resiliência. O segundo ponto é o fato de que, mesmo dentro de ambientes e situações por nós conhecidas, esperar que nunca passaremos por uma situação de desconforto é uma ilusão.

Quando situações de desconforto ocorrem, a familiaridade também pode se tornar uma aliada poderosa na construção e sustentação do nível de resiliência. Ao enfrentar um desafio desconhecido, podemos buscar elementos familiares para nos ajudar a entender e lidar com a situação. É a partir daquilo que se tem e não daquilo que não se tem. Por exemplo, podemos usar habilidades e conhecimentos que já possuímos, ou buscar o apoio de pessoas próximas que nos conhecem bem ou em quem confiamos.

Por outro lado, a familiaridade também pode ser um obstáculo para a resiliência se nos tornarmos excessivamente apegados a ela. Isso pode criar uma resistência a mudanças. Se insistirmos em manter tudo como está, podemos nos tornar inflexíveis e incapazes de nos adaptar a novas circunstâncias. Isso afetará o seu nível de resiliência de maneira negativa. Imagine alguém que não pratica esportes frequentemente. Se em uma dada situação qualquer precisar de seus músculos para correr de um cão, por exemplo, você provavelmente terá uma capacidade menor de resposta. Veja que essa situação pode ocorrer em um determinado local que seja familiar ou não. Não podemos controlar isso.

Nesse caso, é importante lembrar que a mudança é uma parte natural da vida e que a familiaridade não precisa ser uma limitação, mas sim um recurso que podemos usar para nosso benefício.

Além disso, a familiaridade com a própria resiliência, ou seja, a consciência de nossa capacidade de superar adversidades, é importante para fortalecer nossa resiliência. Aqui, recomendo um processo de reflexão sobre as suas próprias atitudes e postura perante as situações de desconforto que venha a passar. Quando percebemos que já superamos desafios no passado, ganhamos confiança para enfrentar novos desafios no futuro. Que tal você começar a se familiarizar com as suas posturas de vitória e sucesso nos momentos de desconforto?

A familiaridade desempenha um papel importante no processo de resiliência. Ela pode nos fornecer segurança e recursos para enfrentar desafios, mas também pode ser um obstáculo se nos tornarmos excessivamente apegados a ela. Portanto, é importante equilibrar nossa necessidade de familiaridade com nossa capacidade de adaptar e crescer diante de novas situações. Precisamos estar em treinamento constante para que nosso nível de resiliência não atrofie.

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